Borboleta, desenho de Antonio Guerrero.
O Museu Nacional de História Natural, em Havana, apresenta a exposição “Cubanía em mariposas”, 25 desenhos de Antonio Guerrero, um dos cinco antiterroristas cubanos presos nos Estados Unidos. Na cadeia de Florence, Colorado, Tony reproduziu fielmente as imagens que anteriormente retratou Liborio Noval no Museu e conta em uma carta como surgiu a ideia:
Querido Dr. Reinaldo Rojas Consuergra e queridos colegas do Museo Nacional de História Natural de Cuba:
Conta-me Regla que muito em breve estarão expondo as aquarelas de nossas borboletas. Custou-nos muito trabalho levar este projeto ao fim, mas conseguimos.
Lembro-me, embora faça mais de um ano, quando avaliamos a ideia de que a seguinte meta em conjunto, apesar da distância, seria pintar as mariposas endêmicas de Cuba.
A diferença das imagens de aves endêmicas de nossa ilha, as espécies de araras e as aves nacionais de todos os países do continente americano, por nenhum lugar podíamos encontrar fotos de todas as borboletas.
Recorremos então ao especialista em borboletas, biólogo amigo, Dr. Jorge Luís Fontela. Só havia uma solução: retratar os exemplares conservados, com grande zelo, no Instituto de Ecologia e Sistematica de Cuba. Esse foi o instante em que se contatou esse magistral fotografo da obra revolucionária, Liborio Noval, quem de imediato ofereceu toda sua maestria.
Coincidiu fazer as imagens com a visita de meus familiares. Minha irmã trouxe as 25 fotos e me recomendou enviar o quanto antes ao Colorado. Uma vez que as tive em minhas mãos comecei a pintar, e não me detive até chegar a ultima borboleta. Algo mais que um mês me levou todo o trabalho artístico. Creio que foi o mais fácil de todo este projeto, embora muitos não estejam de acordo com este critério.
Aqui na prisão, praticamente, nunca se vê uma borboleta. Coloquei maior atenção em localizar alguma na área do pátio, chamado de recreação, e só em uma ocasião vi uma borboleta voar extremamente rápido, como assombrada do lugar em que se havia metido, carente de toda a vegetação.
Pintar nossas borboletas me levou para minha infância. Recordava aquelas temporadas de vocações em que na zona da praia Santa Maria, se viam voar belíssimas borboletas em toda parte. Pintar nossas borboletas me fez, mais uma vez sentir, livre, cercado da pátria amada e de nosso povo internacionalista e sempre alegre. Pintar nossas borboletas fez brotar em mim a poesia, alimentado com os poemas e canções de muitos de nossos artistas.
Por tudo isso, quando me perguntaram que titulo proporia para este trabalho, veio rapidamente a minha mente este: CUBANÍA EM MARIPOSAS.
Já estamos prontos para outro projeto que será de utilidade do Museu, vocês mandem a tarefa e aqui trataremos de cumpri-la, com esse espírito de ser útil que nos faz a nós cinco vencer o prolongado cárcere, seguros de que voltaremos a ver voar em nosso solo as belas borboletas endêmicas e visitantes.
Cinco Abraços
Venceremos!
Antonio Guerreiro Rodríguez
8 de agosto de 2011.
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